Laudelindas Indicam: Os Amantes do Café Flore (França, 2006)

Por Priscila Figueiredo

          O filme “Os Amantes do Café Flore” percorre um período da vida da Simone de Beauvoir, focando na sua vida familiar, na sua trajetória como escritora e professora e, acima de tudo, no seu relacionamento com Jean Paul Satre.
            Simone era uma escritora e filósofa francesa. Mas pouco significa definir uma pessoa pelo seu ofício ou origem de nascimento. Tão pouco dizer que ela era uma mulher, esclarece sobre sua complexidade. Ela mesma em “O Segundo Sexo” explora essa questão essencial: O que significa ser mulher? Esse trabalho, dentre outros da autora, revolucionou a compreensão do lugar da mulher na nossa sociedade. É um livro transformador. Ela - uma autora fundamental e inspiradora.
            Ao focar no relacionamento de Simone de Beauvoir e Jean Paul Satre, o filme retrata temáticas como liberdade, amor livre e contextualiza a produção escrita dessa filósofa brilhante. Além disso, a produção focaliza mais na vida de Beauvoir, expondo sua vida familiar, com uma mãe submissa e religiosa e um pai opressor, bem como uma condição econômica não muito vantajosa. E sua revolta com a condição de sua mãe mas que no decorrer da narrativa se liberta quando o pai de Beauvoir morre. Além de abordar a morte de sua amiga Zaza que a marcou profundamente.

            O filme inicia com uma Beauvoir adulta e já se destacando, se tornando a pessoa mais jovem (com 21 anos) a obter o Agregation na Filosofia. No exame final, ficou em segundo lugar; ficando atrás de Sartre, 24 anos (que havia sido reprovado em seu primeiro exame). E com esse resultado Simone se torna professora. Uma professora controversa, que incomodava com suas ideias.

            O grande mérito dessa cinebiografia é o de retratar personagens humanos, com seus dilemas e angústias para a desconstrução cotidiana de ideias. Simone e Satre logo que se apaixonam, estabelecem um pacto: uma relação livre e, portanto, não opressora. O filme mostra, contudo, que entre eles havia brigas, carências, ciúmes, evidenciando  dificuldades do se relacionar, porque eles eram acima de tudo humanos, vivendo numa sociedade opressora. Mas nem por isso desistiram de seus ideais. Mantiveram sua relação assim. Uma relação verdadeiramente amorosa e de cumplicidade (mesmo com períodos distantes ou sem sexualidade envolvida) que propiciou experiências importantes para ambos, incluindo a descoberta do orgasmo pela Beauvoir. E ela também foi capaz de perceber que mesmo sendo parte da relação, era menos livre que ele, por ser mulher. Com a narrativa é possível entender as experiências que levaram Simone a se tornar quem ela é e representa.

Essa foi a nossa crítica ao filme “Os Amantes do Café Flore”, e a sua, qual é? Assista o filme AQUI e depois conta pra gente!









Priscila Figueiredo é professora, feminista, mãe e mais um monte de coisa. Compõe o CFLCM.


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