Laudelina de Campos Melo, presente!

Laudelina nasceu em 12 de outubro de 1904, em Poços de Caldas, Minas Gerais. Aos sete anos de idade, começou a trabalhar como empregada doméstica, aos 16 anos deu início à sua atuação em organizações de cunho cultural, sendo eleita presidenta do Clube 13 de Maio, agremiação que promovia atividades recreativas e políticas entre os negros de sua cidade.
Aos 18 anos, Laudelina mudou-se para São Paulo, onde se casou, mudando-se para Santos em 1924. Participou junto com seu marido da agremiação Saudade de Campinas, grupo cultural negro de Santos. Somente depois da separação (1938), e já com seus dois filhos, ela passaria a agir de forma atuante em movimentos populares. Sua militância ganhou conteúdo político e reivindicatório com sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936. Ainda em 1936, fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da década de 1930.
Laudelina mudou-se para Campinas em 1955, entrou para o movimento negro da cidade e participou de atividades culturais e sociais, especialmente com o Teatro Experimental do Negro (TEN), cujo objetivo era elevar a autoestima e a confiança da juventude negra, através da formação de grupos de teatro e dança. Criou uma escola de música e de balé na cidade. Trabalhou como empregada doméstica até 1954, quando abriu seu próprio negócio, uma pensão, e passou a vender também salgados nos dois campos de futebol da cidade (Guarani e Ponte Preta). A partir daí, ela se dedicou integralmente à militância sindical e cultural, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.
Fundou, com o apoio do Sindicato da Construção Civil do município de Campinas, o sindicato/associação das domésticas em Campinas. À frente da associação, apoiou dois tipos de ações: um voltado para alfabetização, pois considerava que seria o primeiro passo para conscientização e entendimento da legislação trabalhista e consequentemente reivindicação dos direitos da classe; e atividades que tinham como objetivo estimular a solidariedade entre as trabalhadoras.
Laudelina acumulou experiência com a fundação das associações e foi convidada, a partir de 1962, para participar da organização de diversos sindicatos (ainda na forma de associação) da categoria, como o do Rio de Janeiro e o de São Paulo. A militância sindical não a fez deixar de lado as demandas sociais, sempre participando dos movimentos negros e feministas.
Durante o regime militar (1964-1985), ela passou a atuar no interior da igreja progressista, nas comunidades eclesiais de base. Entre 1968 e 1979, as atividades da associação de Campinas ficaram paralisadas. Mesmo assim, seguiu em defesa das domésticas e virou uma referência nacional na batalha pela regulamentação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A atuação de Laudelina foi fundamental na década de 1970 para a categoria conquistar o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social. Em 1982, ela auxiliou a reestruturação da associação de Campinas, possibilitando a transformação da associação em sindicato, em 20 de novembro de 1988.
Laudelina faleceu em 12 de maio de 1991 em Campinas, deixando sua casa para o sindicato de Campinas.
Texto retirado da página Heróis de todo Mundo, Veja aqui.
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